quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

TEOLOGIA DE FÉRIAS! ITEPA FACULDADES!






Carla Luisa Frey Bamberg





Cartas Paulinas


                                                               

                                                                               
Trabalho apresentado ao Itepa Faculdades, na Teologia de férias como exigência da disciplina “Cartas Paulinas”, sob orientação do Prof. Ademir Rubini.



                                                       



PASSO FUNDO – 2015

Escolher cinco cartas paulinas que me ajudam na vida e na pastoral
As cartas de Paulo retratam de maneira concreta a realidade das comunidades. As cartas foram escritas entre os anos 51 e 63 da era cristã. Paulo tem como objetivo tratar de problemas específicos das comunidades. Sua preocupação central é mais prática e pastoral. Ele concentra seus esforços em criar comunidades permeadas pelo espírito do Ressuscitado e animá-las diante dos inúmeros desafios que se apresentam. Apesar de responder a problemas concretos, Paulo tem como base convicções teológicas aplicadas à situações ocasionais interpretado a partir da sua experiência de fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, que para nós hoje é relevante e nos ajuda na vida e missão que desempenhamos como discípulos e missionários de Jesus.
As escolhidas
1) CARTA AOS EFÉSIOS
Seria uma carta? Mais parece um tratado, ou homilia. Em todos os casos, é junto com Cl, Fl e Fm, uma carta do cativeiro. Não há referências pessoais de Paulo aos cidadãos de Éfeso. Isto estranha, pois Paulo permaneceu três meses nesta cidade (At 19,8). Diz que ouvi falar (Ef 1,15; 3,2). Por esta, e por outras razões, muitos biblistas julgam que a carta não é de Paulo, mas de um discípulo seu. O vocabulário, o estilo e os conceitos teológicos não coincidem com as cartas genuinamente paulinas. O autor de Efésios usou Colossenses de um modo em que nenhuma epístola paulina foi jamais usada por outra epístola (MCKENZIE, 1983, p.252).
Neste tempo era comum que algum discípulo desse continuidade ao pensamento e à missão de Paulo e lhe atribuísse a obra. Já não é o Paulo hisrico, mas seus discípulos que fazem falar o apóstolo nas novas circunstâncias que surgiram depois de sua morte nas igrejas por ele fundadas (RODRIGUEZ, 2006, p.319). Uma hipótese: seria Tíquico (Ef 6,21; Cl 4,7)? Ao que parece, seria um discípulo de segunda geração.
Combate os erros judeus e gnósticos que formaram um sincretismo. Os mesmos constatados em Colossenses. Estes erros podem ter surgidos da miscigenação entre gregos e judeus, que, ao absorver os espíritos cósmicos dos gregos, os transformaram em anjos. Estes desvios doutrinais fazem sombra sobre a pessoa de Jesus Cristo.
Os elementos aparecem em Efésios são: forças, governos, principados, príncipes, poderes, autoridades, tronos, dominões. Seriam seres intermediários entre Deus e os humanos, que assumem o lugar de anjos e demônios. São oriundos do paganismo. Estas figuras trazem sombras sobre a pessoa de Jesus. Diante destes possíveis desvios, Paulo responde reafirmando o papel central de Cristo que tem primazia sobre tudo e que destróis todos os poderes.
Para nós hoje a carta aos Efesios contribui para uma melhor e maior amadurecimento do mistério da nossa fé. Em Jesus tudo se afirma mediante a fé da comunidade no Resucitado. As figuras e a simbologia que trás a carta aos       Efesios na Igreja servem para demosntrar a profundide do mistério da nossa fé que une o ser humano com Jesus Cristo.
Como continuadores da obra de Paulo, cabe a nós em nossas obras concretas demosntrar nossa fé em Jesus Ressucitado.
2) - CARTA AOS COLOSSENSES
É uma carta que aponta para centralidade de Cristo. Ou seja, Cristo está acima dos poderes cósmicos, dos anjos, vencedor de todos os poderes. uma boa mistura de assuntos. Paulo quer corrigir erros doutrinais: elementos pagãos misturados com judaicos: circuncisão (2,11), festas e comida (2,16) com filosofia grega elementos do mundo (2,8). Estes elementos do mundo podem ser a terra, fogo, água e ar, mas podem também ser Regentes Cósmicos que regem os astros, transformados em anjos pelos judeus. Às vezes são chamados de Principados, Potestades (2,15), outras vezes recebem o nome de anjos (2,18).
Para nós hoje como Vida Religiosa Consagrada a centralidade deve ser sempre Jesus Cristo a razão do nosso seguimento radical, e isso nos interpela a sair de nós mesmos, a desafiar e demosntrar por meio de nossos gestos, obras e ações que nos impulsiona no nosso ser missionário.
Paulo em seu agir missionário descreve declara claramente que Cristo é Criador (1:16), Cabeça (1:18; 2:10), e Salvador (1:20-23), e que qualquer outra doutrina não é nada mais do que "filosofia e vãs sutilezas" de homens (2:8). Mediante a sua convicção faz com que novos adeptos se unam a ele e ao projeto que propõe no seguimento a Jesus.
O nosso exemplo do “ardor missionário” deve transparecer em nosso rosto, como a figura de Paulo, com isso outros jovens devem sentir atraidos pelo nossa proposta da contrução de um Reino de amor no seguimento radical a Jesus Cristo. Cabe a nós o desafio de sair de nós mesmos, da nossas misérias humanas e ir ao encontro do outro que espera de nós e que pode contribuir para a construção de uma melhor sociedade dentro da proposta do evangelho.

            Paulo afirma com  autenticidade seu apostolado; A liberdade em Cristo; superação da discriminação de cultura, classe e gênero; salvação pela fé, que age pelo amor, e não pelas obras da lei.
     Paulo sente-se chamado e enviado por Cristo (1,1.12). O apóstolo se defende de várias  acusações. Os adversários acusam Paulo de pregar um evangelho incompleto, ou seja, sem a lei: O apóstolo se defende desta acusação nos capítulo 3-4.  Por essas indicações da carta, pode-se ter uma idéia da causa em conflito: Quando esteve na região, Paulo proclamou a justificação por graça e fé. Para os adversários, que chegaram após a sua saída, a fé, aparentemente, também tem um papel importante, mas a justificação não é completa sem a observância das obras da lei. Por isso, na opinião deles, os gentios conversos precisam ser circuncidados, observar as festas do calendário judaico e observar a lei para serem incluídos na nova aliança.

Trazendo para o  nosso contexto, Paulo é um missionário em saída sempre impulsionado pelo espírito santo revoluciona por onde passa, levando uma palavra de conforto, mediante os desafios ele enfrenta com coragem e ousadia, cabe a nós como discípulos de Jesus aventurar, aventrar, sair em missão sem medo e com a certeza que o Cristo Ressucitado caminha do nosso lado.

4) CARTA AOS FELIPENSES
Na época de Paulo, a cidade estava em declínio, pois as minas de ouro e prata estavam esgotadas. Muitos dos habitantes de Filipos eram militares aposentados do Império Romano que recebiam terra para se assentar. Era um centro de mineração, comércio e portuário. Era forte o Culto ao imperador, coexistindo com outras religiões vindas do Oriente: religiões mistéricas.  Paulo fundou a comunidade na segunda viagem missionária, por volta do ano 50, acompanhado de Silas e Timóteo, e talvez Lucas, que passa a descrever os fatos na primeira pessoa do plural em At 16,10.
Em Filipos não havia sinagoga. A comunidade começa com um grupo de mulheres, junto ao rio Gangas. Reuniam-se na casa de uma mulher – Lídia, que era de Tiatira (At 16,14). Paulo nunca viveu isoladamente de sua relação com Deus ou com Jesus, o Senhor. As suas comunidades são sempre motivo e objeto de agradecimento, de suas orações, de suas melhores lembranças, de suas próprias alegrias (Fl 1,3-4).
Alguns ensinamentos de Paulo para nós hoje são de suma importancia como: a humildade, crer e seguir a humilde de Cristo servindo aos outros, superando os próprios interesses e servindo com alegria, amor e bondade. Jesus Cristo é o modelo (1,13-23; 2,11; 3,7-11; 4,13). O Sacrifício: o seguimento de Jesus sob orientação de Paulo, os líderes e os crentes devem caracterizar-se pela capacidade de morrer para si mesmos. A Unidade: Em cada Igreja, as divisões constituem no pior dos inimigos.  Orgulho e prepotência devem ser vencidos pela necessidade de construir a comunidade (2,1-4.14; 3,15; 4,2).  A vida cristã: A exitosa semeadura do evangelho na vida cristã exige autodisciplina, esforço e obediência à Palavra. E por última talvez a mais importante que o Papa Francisco menciona muito a Alegria: Os crentes devem caracterizar-se por ter profunda serenidade e paz em meio das dificuldades. A alegria deve dar-se inclusive em meio das dificuldades. A alegria é um dom do Espírito (1,4.8.25; 2,2.17-18.28.29; 3,1; 4,1.4.10). Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos.
Essas palavras de Paulo são muito fortes e tem um sentido profundo em nossa vida de discípulos missionários, sem a humildade, o sacrifício, a vida cristã, a unidade e a alegria não se pode ser seguidor de Cristo. Como religiosa me sinto interpelada em ser um sinal visível do Reino de Deus na missão junto as famílias migrantes carentes que encontro no meu cotidiano, sem essa motivação não teria sentido minha consagração.
5) SEGUNDA CARTA AOS TESSALONICENCES
A carta quer esclarecer dúvidas sobre a demora da parusia. Retoma a primeira carta, mas incorpora elementos novos, como: a ociosidade, a devassidão e a esperança. O fim dos tempos virá, mas não logo. É necessário termos uma esperança ativa. Os sinais precursores do fim ainda não chegaram (2Ts 2,1-12). Enquanto na primeira carta a preocupação era com as pessoas falecidas, na segunda é com os vivos e com o modo como resistem diante das tribulações.
A carta nos convida a não se preocupar com o quando acontecerá a parusia, mas com o como agir e resistir, confiando sempre. Tomar cuidado com a apostasia (2,3), que é abandonar a fé, deixando-se seduzir pelo “adversário” (2,4). Este será destruído  pelo sopro da boca do Senhor (2,8).
Menciona a fé e o amor (1,3-4). Isto mostra que a dimensão da esperança estava confusa. Por isso, a carta retoma o tema da esperança sob a forma de perseverança, de firmeza diante daquilo que haviam aprendido de Paulo (2,15), ou seja, os princípios fundamentais da vida cristã (1Ts 4,1).

A carta serve para animar e afirmar a nossa convicção sem jamais fugir da luta e temer o conflito, pois quem espera Jesus Cristo não deve cruzar os braços. Pede para ter um comportamento vigilante e ativo (2 Ts 1,11); manter a perseverança (2 Ts 2,15); ânimo e coragem (2 Ts 2,17).
Essa carta de Paulo nos motiva a buscar a esperança perdida a ter  resistência diante das provações sem jamais perder o elã missionário. Sinto enviado e chamada por Deus na missão junto com os migrantes, mesmo diante das inúmeras dificuldades que se apresentam no caminho encontro forças em seguir apostando no projeto do Reino.
Paulo inspira a sair de mim, a ser missionária de corpo e alma, a confiar plenamente na graça de Deus, persistindo no caminho com alegria e esperança. Como Scalabriniana sinto-me desafiada  no contexto migratório a ser sinal de luz, acreditando que vale a pena persistir e lutar pelo Reino da justiça, amor e acolhida e que na diversidade de culturas formamos comunhão e não divisão.

BIBLIOGRAFIA
BÍBLIA do Peregrino. São Paulo: Paulus, 2002
BROWN, Raymond. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2004
MCKENZIE, John. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1983
RODRIGUEZ, Gabriel P. Comentário ao Novo Testamento. São Paulo: Ave Maria,
2006